domingo, 12 de setembro de 2010

Tema da redação da prova de Analista Administrativo do MPU - Prova Discursiva

Instruções:

O Decreto nº 5.707, de 23/2/2006, instituiu a política e as diretrizes para o desenvolvimento de pessoal da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. As finalidades dessa política são a melhoria da eficiência, da eficácia e da qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão, bem como o desenvolvimento permanente do servidor público e a adequação das competências requeridas dos servidores aos objetivos das instituições, tendo como referência o Plano Plurianual, a divulgação e o gerenciamento das ações de capacitação e a racionalização e efetividade dos gastos com capacitação.

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca da importância do mapeamento de competências em uma organização pública para a implantação da referida política. Ao elaborar seu texto, aborde necessariamente, os seguintes aspectos:

- princiais métodos e técnicas para a realização do mapeamento de competências;
- encadeamento dos passos ao se realizar esse mapeamento;
- aplicação dos resultados do mapeamento.


Esta foi a prova discursiva da prova do MPU 2010 para o Cargo 1 de Analista Administrativo organizada pelo CESPE / UnB aplicada em 11 de setembro de 2010.

Fonte: UnB/CESPE

terça-feira, 31 de agosto de 2010

linda flor

O cara chegou.
Carrancudo.
Falou com ninguém.
Tinha cara de quem queria arrumar confusão.
Sentou numa cadeira de frente pra rua, na calçada mesmo.
A garrafa de cerveja suando, e o copo com metade de espuma na sua mão.
A rua estava vazia. Já passava das 11 da noite.
Tinha uma televisão ligada alta com algum filme de bang bang no prédio em frente.
Deveria ser no terceiro andar. Talvez no quarto andar. Foda-se. Qual diferença?
Nem essa cerveja melhorava o ânimo.
Quando foi colocar a garrafa no chão novamente reparou uma florzinha saindo do espaço apertado entre a calçada e a parede do bar.
Era uma flor solitária. Pétalas bem pequenas arredondadas, como se fosse uma margarida. Mas era bem menor e vermelha.
Ele se aproximou e admirou todos os seus detalhes.
Tinha duas folhas no seu caule, como aqueles desenhos de criança que aprendemos a fazer no nosso primeiro caderno.
O caule e as folhas bem verdes.
Era de uma cor quase inacreditável.
Ficava imaginando como uma florzinha linda e delicada daquela tinha conseguido crescer num ambiente daquele.
Um bairro imundo. Frequentado por bêbados, mendigos e prostitutas.
Lixo se acumulava em todos os cantos... Parecia que a prefeitura e o próprio Deus tinha largado aquele lugar ao abandono.
Enquanto ficava com essas idéias como um redemoinho dentro de sua cabeça... Sentiu pena da flor.
Era linda demais pra merecer aquele ambiente.
Erá fétido demais pra ela, era impuro! Essa era a palavra que ele procurava. Impuro.
Aquela flor não fazia parte daquele contexto.
Parou de pensar e ficou só olhando. Olhar vazio.
Levantou. Devolveu a cerveja pro balcão. Pagou sua conta.
Saiu do bar. Olhou novamente a flor.
Agachou e chegou bem perto. E sem aviso nenhum, arrancou-a em um único puxão e a jogou longe do outro lado da rua.
Ele não poderia deixar que ela crescesse naquele mundo que não era dela.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

formidável

Pense num dia lindo!
Dia ensolarado, nada de engarrafamento, carro com tanque cheio, tudo perfeito.
Encontrei um dvd que eu queria a muito tempo e estava em promoção.
Um amigo de longe me ligou.
Recebi mensagens de outros tantos amigos.
Caminhei o dia todo pelo centro da cidade e me senti satisfeito.
Fiz minha fezinha na mega-sena.
Almocei com meu amor e um grande amigo.
A comida estava deliciosa, preço justo e ainda ganhei uma bananada de sobremesa.
Amigos chegando de viagem.
Família feliz e saudável.
Encontrei a mãe do meu vizinho.
Amigos conseguindo ótimos empregos.
Não peguei trânsito.
Novos restaurantes BBB* inaugurando na cidade.
Gente... um excelente dia assim para vocês também!


*BBB = bom, bonito e barato

terça-feira, 24 de agosto de 2010

telefonema

Eu atendo o telefone. Logo no começo não reconheço a voz.
Mas ao me chamar daquele apelido carinhoso que só nós temos,
minhas dúvidas somem e minha boca se abre num sorriso.
Muito tempo que não nos falamos, eu digo, e a voz concorda do outro lado.
Enquanto relembro o passado, um silêncio surge na conversa.
Não aquele silêncio desconfortável de quem não tem nada para dizer,
mas daquele silêncio carregado de saudade.
Perguntamos coisas banais, como está o trabalho, o que anda fazendo de bom,
até que percebo sua voz começar a engasgar... Fica mais difícil de sair
e um choro contido aparece.
Sem soluços, sem desespero... Só um choro silencioso, mas dá para perceber que é bem profundo.
Pergunto o que foi, o que aconteceu, o que está acontecendo, onde está e se precisa de ajuda.
- Não, não... Não preciso de nada. Já passou.
- Quer conversar? Quer que a gente se encontre?
- Não precisa, tenho que voltar para o trabalho.
Digo que ok, e que pode ligar outra hora se precisar.
Então agradece, diz que foi bom ouvir minha voz, dizemos tchau.

domingo, 22 de agosto de 2010

entender ou não

Mas apesar de suas ações,
eu não consegui decifrar o que ela queria.
Parecia uma mistura de ódio e amor.
Os dois andando de mãos dadas, e cada um deles queria me alcançar, o amor e o ódio.
Foi um turbilhão aquela conversa que tivemos.
Ao princípio achei engraçada, divertida... Mas à medida que os sentimentos
afloravam, tornou-se pesada, cruel.
Talvez seja o uso excessivo do "querer bem".
Algo aconteceu pelo meio do caminho sem que eu percebesse.
Deve ter aparecido uma encruzilhada, um retorno, um desvio,
porque de uma hora pra outra a paisagem ensolarada e tranquila,
virou uma daquelas tempestades que só aparecem nos desenhos da Disney.
Não entendi.
E acho que vou ficar sem entender.

domingo

Dia de café com leite, torrada cheirosa, panqueca quentinha...
Uma rosa num solitário vaso.
Suco de laranja fresquinho e espremido na hora.
Tudo na bandeja com suas geléias, biscoitos, pastas, pãezinhos...
Um guardanapo colorido dobrado em formato de algum animal engraçadinho.
Café na cama.
Um ótimo começo de domingo.

sábado, 21 de agosto de 2010

sobras

E daquele beijo, vieram as ofensas, as brigas,e o distanciamento.
Não era o tipo de lembrança que eu gostaria de levar.
Aquela idéia romântica do que aconteceu sempre foi mais macia,
bem mais convidativa do que relembrar a zona de guerra que gerou.
E de tudo aquilo que foi bom, um dia,
hoje não tem mágoas, nem ódio, nem raiva,
só indiferença.
Nem mais, nem menos.
De tudo aquilo que um dia foi algo,
hoje não sobrou nada.

domingo, 15 de agosto de 2010

sem

Sem inspiração.
Sem tesão.
Sem ânimo.
Sem idéias.
Sem palav...

sábado, 14 de agosto de 2010

cerveza

Estoy solo... En este pub.
El humo de los cigarrillos volando delante de las
semi luces... Luces frías, viejas, amarillas...
Los diferentes olores...
Cerveza, cigarrillo, perfumes, comida...
Escucho risas y personas charlando.
Personas entrando y saliendo.
Yo escucho mi propio silencio.
A mi alrededor veo gente como yo.
Pensando.
La noche sigue calma.
Sigo tomando una Iguana.
Y así paso más una noche.
Como ayer y como antes de ayer.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

mar, areia e mergulho?

Não tinha ninguém na praia.
Mas também, quem é costuma chegar antes das 7 da manhã?
Bem... eu.
Adoro essa liberdade de escolher em que lugar da areia ficar,
me sentir o dono da areia, do mar...
Largo minhas havaianas e resolvo dar uma caminhada
sentindo a diferença de textura da areia seca para a areia molhada...
Caminhando e vendo as ondas apagando minhas pegadas.
Resolvo molhar meus pés e testar a temperatura da água.
Bem mais agradável do que eu imaginava.
Olho para um lado... para o outro... Praia continua deserta
a não ser por umas poucas gaivotas buscando algo que beliscar que as
ondas possam ter oferecido.
A água está boa mesmo.
O mar está calmo... Está mais para marolas do que ondas.
Repito meu ritual desde quando tinha meus cinco anos:
molho a nuca e os pulsos antes de entrar.
Quando a água está na cintura, resolvo mergulhar.
Aquele mergulho longo, de deixar a inércia continuar me levando por baixo d'água
enquanto só vou apoiando na ponta dos dedos no fundo para não ralar minha barriga.
Nenhuma nuvem no céu, faz o céu refletir forte na areia branca e a água limpa,
quase tenho a impressão que estou voando por cima das nuvens e não debaixo d'água.
O tempo fica inexistente.
Poderia ter ficado 15 segundo, 15 minutos ou 15 dias. Não saberia dizer.
Reconfortante esta sensação de deixar as ondas ditarem o movimento do meu corpo.
Deixo-me levar à sua bel vontade.
Subo à superfície para uma renovada de ar e retornar "ao meu mundo molhado".
Minha calma de repente interrompida.
Ela surge.
Como?
Não tinha ninguém na praia inteira, e qual a possiblidade de encontrar alguém aqui embaixo?
Fixo bem minha visão e confirmo.
Sim. Ela está aqui.
Ela nada na minha direção...
E eu confuso já não sei em que direção estou indo.
Não vejo o fundo de areia.
Não vejo a superfície...
As bolhas que solto, não seguem nenhuma direção... Vão se dividindo em bolhas menores e menores
até desaparecerem ao meu redor.
Quando eu perdi meu sentido de direção?
Quando ela surgiu?
Antes?
Não sei... Só sei que ela está na minha frente, me olhando e sorrindo para mim.
Será que está se divertindo com minha cara de confusão?
Não parece... Ela tem um olhar de carinho... Quase um olhar de pena.
Será que isso é ter uma alucinação?
Ele vem da forma mais carinhosa se aproximando e segura minha mão.
Eu correspondo sem entender muito bem o que ela quer.
Mas logo em seguida eu descubro.
Quando tento novamente procurar pela superfície, ela me segura.
Me mantém no mesmo lugar e quando tento nadar para longe, ela me puxa para perto.
Por um momento eu penso em lutar debaixo d'água pela minha sobrevivência.
Desvencilhar-me dela e renovar o ar dos meus pulmões, que me dão a sensação que vão começar a pegar fogo.
Sem aviso, sem perceber o que acontecia, ela me beija.
Parecia como um dia nublado ficando ensolarado em um segundo.
Naquele beijo eu entendi. Ou não.
Mas a necessidade de respirar passou naquele instante.
O ar não me fazia falta. Ela sorriu.
Eu sorri. Será que sorri mesmo ou só tive a sensação que estava sorrindo.
Eu fazia parte daquele mundo.
Era como voltar para casa.
O lugar de onde sempre fiz parte sem nunca saber.
Ou sabia?
Ela não fala nada, e nem precisa, consigo ler nos seus olhos.
Ela está feliz por eu estar voltando.
Ela aponta numa direção, e segurando minha mão
vamos adentrando naquele azul sem fim.
Feliz, empolgado, curioso, apreensivo... Turbilhão de sensações.
Só não sinto medo.
Com ela me guiando me sinto protegido, me entrego.
Onde tiver que ir irei. E vou.

varanda

Palavras não precisam ser ditas.
O silência fala muito quando estamos só nós dois.
O sol se pondo no horizonte da cidade.
A vista fica maravilhosa dessa altura.
O sol colorindo de rosa alaranjado as nuvens.
Música alta tocando ao fundo,
a fumaça do cigarro acompanhando o ritmo do vento,
a latinha de cerveja suando, comprovando que realmente está muito calor,
e nada melhor do que;
uma bebida gelada,
eu,
você,
trilha sonora,
um cardápio de jantar composto de ceviche de salmão,
massa com camarão,
um fondue de chocolate com morangos de sobremesa,
e essa vista no décimo quarto andar.

abraço

Eu poderia ficar pra sempre assim abraçado...
Como explicar esse encaixe perfeito?
Essa vontade de ter esse sentimento sempre que eu quiser.
Paz, tranquilidade, seguro.
Sintonizar minha respiração na mesma cadência que a sua.
Até o seu cabelo fazendo cosquinha no meu nariz
me faz sentir bem.
Esse abraço. Nosso abraço.

vento

Hoje está ventando.
O tempo parece mais agitado.
O lago cheio de marolas.

Poeira... Redemoinhos... Secura.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

detalhes

Um zilhão de pequenas coisas que nos encantam.
Um olhar, um sorriso, o jeito que mexe no cabelo,
uma covinha, um punhadinho de sardinhas,
uma pinta, um corte, uma cicatriz...
É cada uma dessas diferenças que faz com que cada pessoa
seja única.

É como se aquele pequeno complemento acabasse por representar a pessoa inteira.
Eu não consigo imaginar uma pessoa de covinhas, de repente ficando sem elas.
E sardinhas? Como ficaria se fossem todas apagadas?

É praticamente a identidade da pessoa,
o registro de autenticidade de cada um.

E foi por causa desses detalhes que me peguei pensando em você...
Seus detalhes.

terça-feira, 27 de julho de 2010

filme de terror

Minha aula termina quase onze da noite.
E é sempre a última turma a sair do prédio.
Eu gravo todas as aulas em um gravador daquele tipo igual de repórteres.
E como sou um cara gente boa, ao final da aula,
eu passo pro meu laptop, e depois vou passando
para cada pen-drive dos meus colegas.
Mas depois de passar a gravação para todo mundo,
eu ainda tenho que desligar meu laptop,
enrolar o cabo que estava ligado na tomada,
colocar o laptop dentro de sua capa,
colocar dentro da mochila,
fechar a mochila
e sair da sala.
Sabe aquele filme de terror, que sempre fica alguém para trás?
É assim que me sinto.
Todo mundo sai e eu fico sozinho.

Será que vão apagar as luzes?
Será que vou ficar trancado aqui dentro?
Será que alguém percebeu que eu ainda estou aqui dentro?
Será que o assassino louco da biblioteca vai aparecer agora?

Só quem já passou por isso entende como a mente é um bicho indomável,
e pensa tanta merda quanto pode!

Antes eu achava que era praticamente impossível um cenário assim ser formado:

- Como assim todo mundo saiu e só ficou essa personagem sozinha?
- Por que ninguém esperou pra saírem juntos?
- Por que essa pessoa andando em Nova Iorque vai cortar caminho
por esses becos que saem até vapor das tampas do meio da rua?

Mas realmente acontece.
Eu sou prova disso.
Eu fico sozinho, não encontro nem a pessoa responsável que vai fechar o prédio, no máximo escuto algumas vozes ao longe dos últimos que saíram antes de mim.
Mas como essas oportunidades meio surreais se formam?

É... são perguntas da humanidade que ninguém conseguirá responder,
mas que acontece, acontece.

Ainda bem que pelo menos não estou trocando de roupa no vestiário
ou nadando a noite numa piscina olímpica!

eu

Mais um dia.
Eu estou aqui.
E você? Por que não está aqui comigo?
Por que tenho a impressão de não estar fazendo parte do cenário?
Parece tudo alegre a minha volta;
escuto os passarinhos,
uma mulher ao longe cantando,
crianças rindo,
mas não eu.
Não estou cantando, não estou rindo, não estou achando o dia lindo.
Fica cinza sem você aqui.
Mais um dia cinza sem você.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

quero

Ultimamente é a palavra que mais surge na minha mente.
Quero praia, quero pintar meu carro, quero consertar meu ipod,
quero comer coxinha de frango com molho de pimenta,
quero tomar um chá verde, quero ver um bom filme,
quero... quero... quero!

E depois? Quando eu conquistar tudo isso?
Vou continuar querendo?
Claro que sim! Sempre!

Mas aí as coisas mudam...

Esse verbo "querer" me deixa desnorteado...
Porque essas primeiras coisas são possíveis, imediatas e rápidas.
Se eu quiser eu consigo.
Mas e os outros quereres?
Quero ser um bom pai,
quero que meus pais tenham sempre saúde,
quero continuar sempre amigo dos meus irmãos,
quero sempre ter contato com meus melhores amigos...
Mas esse querer é diferente,
porque não depende só de mim para que isso aconteça.
É um querer bilateral, que independe só das minhas vontades.
Posso até não ser responsável para que tudo isso aconteça como eu quero,
mas vou continuar sempre querendo,
porque eu quero.

seus olhos

- Eu volto logo.
- Mas por que você tem que ir?
Nessa hora, olhando seus olhos cheios d'água, me peguei raciocinando se realmente eu tinha que ir.
Eu tinha que ir.
Não queria, mas deveria.
Ela ficava mais linda ainda com aquela carinha triste.
Despedida nunca é fácil.
Como o tempo passou voando...
Uma história que parecia de uma vida inteira em apenas metade de um verão.
- Vai me escrever?
- Sempre.
- Vai lembrar de mim?
- Todos os dias.
Nesse minuto a voz no auto-falante avisou que estava na hora do meu embarque.
Pessoas se despedindo, malas grandes e pequenas, música ambiente novamente no auto-falante...
Como eu queria que aquele momento congelasse, que não fosse necessária minha ida, que a gente continuasse com mãos nas mãos e olhos nos olhos...
Meus braços a envolveram sem querer mais soltar...
Soltei. Olhei. Beijei. Dissemos mais algumas palavras. Me virei e me dirigi ao embarque.
Olhei para trás e lá estava sua imagem. Linda como nunca vou esquecer.Me soprou um beijo. Peguei no ar e colei no meu peito enquanto continuava me afastando.
No meio do mar de gentes não a via mais.
Mas sabia que veria aqueles olhos de novo. No próximo verão.