segunda-feira, 2 de agosto de 2010

mar, areia e mergulho?

Não tinha ninguém na praia.
Mas também, quem é costuma chegar antes das 7 da manhã?
Bem... eu.
Adoro essa liberdade de escolher em que lugar da areia ficar,
me sentir o dono da areia, do mar...
Largo minhas havaianas e resolvo dar uma caminhada
sentindo a diferença de textura da areia seca para a areia molhada...
Caminhando e vendo as ondas apagando minhas pegadas.
Resolvo molhar meus pés e testar a temperatura da água.
Bem mais agradável do que eu imaginava.
Olho para um lado... para o outro... Praia continua deserta
a não ser por umas poucas gaivotas buscando algo que beliscar que as
ondas possam ter oferecido.
A água está boa mesmo.
O mar está calmo... Está mais para marolas do que ondas.
Repito meu ritual desde quando tinha meus cinco anos:
molho a nuca e os pulsos antes de entrar.
Quando a água está na cintura, resolvo mergulhar.
Aquele mergulho longo, de deixar a inércia continuar me levando por baixo d'água
enquanto só vou apoiando na ponta dos dedos no fundo para não ralar minha barriga.
Nenhuma nuvem no céu, faz o céu refletir forte na areia branca e a água limpa,
quase tenho a impressão que estou voando por cima das nuvens e não debaixo d'água.
O tempo fica inexistente.
Poderia ter ficado 15 segundo, 15 minutos ou 15 dias. Não saberia dizer.
Reconfortante esta sensação de deixar as ondas ditarem o movimento do meu corpo.
Deixo-me levar à sua bel vontade.
Subo à superfície para uma renovada de ar e retornar "ao meu mundo molhado".
Minha calma de repente interrompida.
Ela surge.
Como?
Não tinha ninguém na praia inteira, e qual a possiblidade de encontrar alguém aqui embaixo?
Fixo bem minha visão e confirmo.
Sim. Ela está aqui.
Ela nada na minha direção...
E eu confuso já não sei em que direção estou indo.
Não vejo o fundo de areia.
Não vejo a superfície...
As bolhas que solto, não seguem nenhuma direção... Vão se dividindo em bolhas menores e menores
até desaparecerem ao meu redor.
Quando eu perdi meu sentido de direção?
Quando ela surgiu?
Antes?
Não sei... Só sei que ela está na minha frente, me olhando e sorrindo para mim.
Será que está se divertindo com minha cara de confusão?
Não parece... Ela tem um olhar de carinho... Quase um olhar de pena.
Será que isso é ter uma alucinação?
Ele vem da forma mais carinhosa se aproximando e segura minha mão.
Eu correspondo sem entender muito bem o que ela quer.
Mas logo em seguida eu descubro.
Quando tento novamente procurar pela superfície, ela me segura.
Me mantém no mesmo lugar e quando tento nadar para longe, ela me puxa para perto.
Por um momento eu penso em lutar debaixo d'água pela minha sobrevivência.
Desvencilhar-me dela e renovar o ar dos meus pulmões, que me dão a sensação que vão começar a pegar fogo.
Sem aviso, sem perceber o que acontecia, ela me beija.
Parecia como um dia nublado ficando ensolarado em um segundo.
Naquele beijo eu entendi. Ou não.
Mas a necessidade de respirar passou naquele instante.
O ar não me fazia falta. Ela sorriu.
Eu sorri. Será que sorri mesmo ou só tive a sensação que estava sorrindo.
Eu fazia parte daquele mundo.
Era como voltar para casa.
O lugar de onde sempre fiz parte sem nunca saber.
Ou sabia?
Ela não fala nada, e nem precisa, consigo ler nos seus olhos.
Ela está feliz por eu estar voltando.
Ela aponta numa direção, e segurando minha mão
vamos adentrando naquele azul sem fim.
Feliz, empolgado, curioso, apreensivo... Turbilhão de sensações.
Só não sinto medo.
Com ela me guiando me sinto protegido, me entrego.
Onde tiver que ir irei. E vou.

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