terça-feira, 24 de agosto de 2010

telefonema

Eu atendo o telefone. Logo no começo não reconheço a voz.
Mas ao me chamar daquele apelido carinhoso que só nós temos,
minhas dúvidas somem e minha boca se abre num sorriso.
Muito tempo que não nos falamos, eu digo, e a voz concorda do outro lado.
Enquanto relembro o passado, um silêncio surge na conversa.
Não aquele silêncio desconfortável de quem não tem nada para dizer,
mas daquele silêncio carregado de saudade.
Perguntamos coisas banais, como está o trabalho, o que anda fazendo de bom,
até que percebo sua voz começar a engasgar... Fica mais difícil de sair
e um choro contido aparece.
Sem soluços, sem desespero... Só um choro silencioso, mas dá para perceber que é bem profundo.
Pergunto o que foi, o que aconteceu, o que está acontecendo, onde está e se precisa de ajuda.
- Não, não... Não preciso de nada. Já passou.
- Quer conversar? Quer que a gente se encontre?
- Não precisa, tenho que voltar para o trabalho.
Digo que ok, e que pode ligar outra hora se precisar.
Então agradece, diz que foi bom ouvir minha voz, dizemos tchau.

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